Cálice

Caetano Veloso

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Pai afasta de mim esse cálice Pai afasta de mim esse cálice Pai afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue Como beber dessa bebida amarga tragar a dor engolir a labuta Mesmo calada a boca resta o peito silêncio na cidade não se escuta De que me vale ser filho da santa melhor seria ser filho da outra Outra realidade menos morta tanta mentira tanta força bruta Como é difícil acordar calado se na calada da noite eu me dano Quero lançar um grito desumano que é uma maneira de ser escutado Esse silêncio todo me atordoa atordoado eu permaneço atento Na arquibancada prá qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa De muito gorda a porca já não anda de muito usada a faca já não corta Como é difícil pai abrir a porta essa palavra presa na garganta Esse pileque homérico no mundo de que adianta ter boa vontade Mesmo calado o peito resta a cuca dos bêbados do centro da cidade Talvez o mundo não seja pequeno nem seja a vida um fato consumado Quero inventar o meu próprio pecado quero morrer do meu próprio veneno Quero perder de vez tua cabeça minha cabeça perder teu juízo Quero cheirar fumaça de óleo diesel me embriagar até que alguém me esqueça

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Cette chanson évoque le désir d'échapper à une réalité douloureuse et oppressante. Elle exprime une profonde souffrance face à l'injustice et à la violence, ainsi qu'un cri de désespoir dans un monde souvent indifférent. L'artiste cherche à exorciser ses démons intérieurs tout en questionnant sa propre identité et sa place dans la société. Le contexte de la chanson est ancré dans une époque marquée par des luttes politiques et sociales, symbolisant une quête de liberté face à l'oppression. Les références à la douleur, à la souffrance et à l'absurdité de certaines situations rappellent un sentiment généralisé de malaise dans la société brésilienne de son temps.